O PASSADO DAS CC. MM.
(Extraída de Livro “As Congregações Marianas no Brasil” - 4ª edição - Edições Loyola)
A) AS CC.MM. NA SUA HISTÓRIA
1563 - Em Roma o Padre Jean Leunis S.J., professor no Colégio Romano, organiza entre os alunos uma associação que propõe a seus membros: uma vida cristã exemplar e fervorosa, um trabalho apostólico como o ensino do catecismo e a visita aos hospitais e prisões e uma especial devoção à Virgem Maria. O grupo se caracteriza por uma rigorosa seleção dos membros e o cuidado na sua formação. Esta iniciativa começa a ser imitada e seguida em outros Colégios dos Jesuítas na Europa e na América, com o nome de Congregações Marianas.
1571 -É fundada em Lima no Peru a primeira CM, na América.
1584 -Em 19 de novembro morre em Roma o Pe. Jean Leunis. Sucede-o na direção das CC.MM. o Pe. Francisco Coster, S.J. que dá a primeira estrutura organizacional às CC.MM. Em 5 de dezembro o Papa Gregório XIII, pela Bula "Omnipotentis Dei" procede à ereção can6nica da CM. do Colégio Romano dando-Ihe o titulo de Prima Primaria. A ela, desde então, as demais CC.MM. passam a ser agregadas para gozar dos direitos e dos benefícios espirituais que a Santa Sé venha a conceder à CM. Prima Primaria
1587 - O Papa Sixto V pela Bula "Superna dispositione" concede ao Padre Geral dos Jesuítas o poder de erigir e agregar à Prima Primaria as novas CC.MM. nos Colégios e Igrejas dos Jesuítas. No mesmo ano, pela Bula "Romanum decet" este poder do Padre Geral é ampliado para as demais CC.MM., mesmo funcionando em Igrejas ou Colégios que não fossem dos Jesuítas. O. Geral dos Jesuítas, Pe. Cláudio Acquaviva aprova as Regras Comuns que passam a ser oficiais para as CC.MM.
1621 - O Papa Gregório XV pela Bula "Alias pro parte" define as características das CC.MM. como associações de natureza distinta das Confrarias e expressa o louvor e a benevolência da Santa Sé pelo trabalho que as CC.MM. realizam.
1748 - Em 24 de abril o Papa Bento XIV, pelo Breve "Praeclaris Romanorum" concede especiais indulgências às CC.MM. Em 27 de setembro o mesmo Papa, pela Bula "Gloriosae Dominae", chamada a Bula Áurea, concede às CC.MM. especiais privilégios e graças, enaltecendo sua vida na Igreja e sua atuação apostólica.
1751 - O Papa Bento XIV pelo Breve "Quo tibi" autoriza a agregação à Prima Primaria de CC.MM. femininas.
1765 - O Papa Clemente XIII pela Bula "Apostolicum pascendi", em defesa dos Jesuítas perseguidos, aprova explicitamente o trabalho das CC.MM.
1773 - O Papa Clemente XIV, que havia supresso a Companhia de Jesus, assegura a continuação das CC.MM. pelo Breve "Commendatissimum", com os mesmos privilégios e indulgências que haviam sido, até então, concedidos às CC.MM. pela Santa Sé. Por ocasião da supressão da Companhia de Jesus há em todo o mundo cerca de 2.500 CC.MM., quase todas dirigidas pelos Padres Jesuítas. Elas passam a ser dirigidas por outros Sacerdotes e continuam aumentando em número, embora com menor exigência na seleção e formação dos Congregados.
1824 - O Papa Leão XII pela Bula "Cum multa" restitui à Companhia de Jesus, restaurada em todo o mundo, o poder de agregar as CC.MM. à Prima Primaria.
1863 - O Papa Pio IX pelo Breve "Exponendum nuper" comemora o terceiro centenário da fundação as CC.MM.
1881 - É fundada na Espanha a primeira revista das CC.MM. "SI Congregante".
1884 - O Papa Leão XIII pelo Breve "Frugiferas inter" concede um jubileu extraordinário para comemorar o terceiro centenário da ereção canônica da Prima Primaria.
1910 - O Pe. Geral dos Jesuítas, Pe. Francisco Xavier Wernz, aprova e promulga a nova redação das Regras Comuns das CC.MM.
1925 - É fundado em Roma o Secretariado Mundial das CC.MM.
1945 - O Papa Pio XII, comemorando 0 50Q aniversário de sua Consagração a Nossa Senhora como Congregado Mariano, faz importante alocução a cerca de 4.000 Congregados reunidos em Roma.
1948 - 27 de setembro - O Papa Pio XII, pela Constituição Apostólica "Bis saeculari die", comemorando o segundo centenário da Bula "Gloriosae Dominoe, de Bento XIV, confirma os privilégios e regras das CC.MM., e declara que elas são verdadeiramente Ação Católica. Este documento é considerado a CaMa Magna das CC.MM.
1954 - Em Roma realiza-se o Congresso Mundial das CC.MM. Nesta ocasião há 81.000 CC.MM. em 115 países de todos os continentes, em 1291 dioceses reunindo cerca de 6 milhões de Congregados. Em 9 de setembro é findada em Roma a Federação Mundial das CC.MM.
1967 - Logo após o Concílio Vaticano II a Federação Mundial propõe à Santa Sé a mudança do nome de CONGREGAÇÃO MARIANA para COMUNIDADES DE VIDA CRISTÃ (CVX) e a substituição das Regras Comuns pelos Princípios e Normas Gerais.
1971 - A Santa Sé aprova os Princípios e Normas Gerais das CVX, novo nome das CC.MM.
1990 - A Santa Sé aprova a redação atual dos Princípios de Normas Gerais das CVX. Este elenco de datas e fatos mostra a presença permanente da Santa Sé na vida das CC.MM., acompanhando e apoiando seu desenvolvimento e sua atuação na vida da Igreja. No Brasil, desde o início da colonização, encontramos a presença das CC.MM.
1583 - É fundada no Colégio dos Jesuítas da Bahia a primeira CM, Brasil, ainda em vida do fundador Pe. Jean Leunis.
1759 - No momento da expulsão dos Padres Jesuítas do Brasil, pelo governo português, existem CC.MM. espalhados por toda a Colônia, sobretudo nos Colégios e lgrejas da Companhia de Jesus. Com a expulsão dos Jesuítas as CC.MM. desaparecem, aos poucos, em todo o país.
1870 - 31 de maio. É fundada no Colégio São Luís em Itu, SP, a primeira CM no Brasil depois da volta ao país dos Padres Jesuítas.
1894 - É fundada em Porto Alegre a primeira CM no Brasil especialmente para homens formados em curso superior.
1897 - É fundada na Igreja de São Gonçalo, São Paulo, a primeira CM para jovens que não eram alunos dos Colégios dos Jesuítas.
1907 - Os Bispos das Províncias Eclesiásticas do Sul do Brasil incentivam, em Carta Pastoral Coletiva, a fundação das CC:.MM. em suas Dioceses.
1909 - Começa no Rio de Janeiro a revista ESTRELA DO MAR que, desde 1911, passa a ser o órgão oficial das CC.MM. em todo o Brasil.
1912 - Começa a funcionar em Porto Alegre a CM para universitários, a pioneira desta modalidade no Brasil.
1924 - É fundada em Recife, Pernambuco, a CM dos Acadêmicos que terá enorme influência entre as CC.MM. para universitários.
1927 - É fundada em São Paulo a primeira Federação Mariana, abrangendo então todo o Estado.
1935 - O Brasil torna-se o líder mundial no número de CC.MM. e de Congregados, que experimentam um desenvolvimento extraordinário em todo o país.
1937 - É fundada no Rio de Janeiro a Confederação Nacional das CC.MM. do Brasil.
1942 - 21 de janeiro. Carta autógrafa do Papa Pio XII ("Com particular cornplacência") ao Cardeal Dom Sebastião Leme, Arcebispo do Rio de Janeiro, elogiando e incentivando o trabalho das CC.MM. no Brasil.
1956 - Por ocasião do 3° Encontro Nacional dos Dirigentes Marianos no Rio de Janeiro, um levantamento mostra a existência no país de 74 Federações Diocesanas, maìs de 2.700 CC.MM., reunindo cerca de 400.000 Congregados. Das CC.MM. 82 funcionam em Seminários Diocesanos ou Religiosos.
1970 - Por ocasião do 7° Encontro Nacional dos Dirigentes Marianos em Juiz de Fora, MG, as CC.MM. do Brasil se filiam à Federação Mundial das CVX, aceitam suas Normas e Princípios Gerais, mas resolvem permanecer com o nome tradicional de Congregações Marianas. A partir desta data começa em todo o país uma redução lenta mas progressiva no número de CC.MM. e de Congregados.
B) AS CC.MM. DO BRASIL
1. Desde 1970 as CC.MM. passaram a existir no Brasil vinculadas à Federação Mundial das CVX e procuravam seguir os Princípios e Normas Gerais que as regem. No Conselho Mundial das CVX, o Brasil era representado pelo Presidente da Confederação Nacional das CC.MM. Contudo, observa-se grande dificuldade para as CC.MM. do Brasil se adaptarem ao estilo das CVX, em virtude de sua fisionomia própria de associações com grande variedade de modalidades e atuação. Assim aos poucos, foi-se reduzindo o número e se esvaziando muitas CC.MM. Por isso, desde então, começou a se manifestar em muitos Congregados o desejo de uma volta ao estilo tradicional com que as CC.MM haviam se desenvolvido no Brasil nos últimos 50 anos.
2. Em maio de 1988 o Conselho Mundial das CVX, mantendo as CC.MM. como representantes do Brasil, admitiu também naquele Conselho um representante das primeiras CVX que, como tais, começavam a existir no país. Assim, o Brasil passou a ter uma dupla representação naquele Conselho, mostrando a existência no país de duas associações independentes e diferentes entre si.
3. Em novembro de 1991 a Assembléia Nacional das CC.MM. realizada em Aparecida, SP, elegeu, por ampla maioria, uma diretoria da Confederação Nacional que se propunha como programa de governo fazer das CC.MM. do Brasil uma associação religiosa de leigos, autônoma, com uma Regra de Vida que definisse seu perfil institucional, sua espiritualidade mariana, seu trabalho apostólico e sua estrutura organizacional. Nesta Assembléia foi aprovado o texto de um novo Estatuto para a Confederação Nacional. Estas decisões receberam a homologação de Assistente Eclesiástico das CC.MM. do Brasil, o Cardeal Dom Eugenio Sales, Arcebispo do Rio de Janeiro.
4. Durante o ano de 1992,sob a coordenação do representante do Assistente Nacional, o Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Dom José Carlos de Lima Vaz S.J., foi elaborado, por uma Comissão de Congregados, escolhida na Assembléia de Aparecida, o texto da Regra de Vida. Este trabalho foi acompanhado, a cada passo, pelo Comitê Mundial das CVX de Roma que enviou valiosas críticas e sugestões. Também colaboraram vários Bispos, Sacerdotes e outros Congregados. O texto foi enviado previamente a todas as Federações Diocesanas do país, as quais tiveram oportunidade de conhecê-lo e mandar suas sugestões e emendas.
5. Na Assembléia Nacional de 7 de novembro de 1992, reunida também em Aparecida, SP, o texto final da Regra de Vida foi unanimemente aprovado pelos delegados das Federações Diocesanas e, a 3 de dezembro do mesmo ano, homologado pelo Assistente Eclesiástico Nacional.
6. Este texto da Regra de Vida foi mandado ao Conselho Mundial das CVX em Roma para ser submetido à apreciação deste Conselho. Em 25 de março de 1993 o Presidente Mundial das CVX, Brendan Mc Loughlin, enviou carta ao Cardeal Dom Eugenio Sales da qual são transcritos alguns tópicos em tradução portuguesa:
"Em nome do Conselho Executivo das CVX, tenho o prazer de informar-lhe que a solicitação das Congregações Marianas do Brasil de se ligarem às Comunidades de Vida Cristã como Membro Associado, foi apreciada na reunião de nosso Conselho (12 a 19 de março) em Roma. Envio o seguinte extrato da ata registrando, como segue, a decisão do Conselho: Levando em consideração a correspondência entre o Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales, Arcebispo do Rio de Janeiro e de seu Bispo Auxiliar Dom José Carlos de Lima Vaz S..J. com nosso Vice-Assistente Eclesiástico, Padre Julián Elizalde S.J. e, em especial, a Declaração das Congregações Marianas do Brasil, de 3 de dezembro de 1992, que integra sua Regra de Vida, o Conselho Executivo concordou, por unanimidade, em admitir as Congregações Marianas do Brasil como Membro Associado, de acordo com a Norma Geral n° 12 dos Princípios Gerais das Comunidades de Vida Cristã.
Estamos bem conscientes da grande contribuição das Congregações Marianas para o desenvolvimento da Igreja no Brasil e entre seu povo e pedimos a Deus que esse trabalho possa continuar por longo tempo. Observamos, também, o vosso desejo de colaborar com as CVX no Brasil em vários setores da atividade apostólica e sobretudo nos Exercícios Espirituais. Acolhemos e encorajamos tais iniciativas... Em nome do Conselho Executivo desejo expressar nossa profunda gratidão a Vossa Eminência pessoalmente e ao Hispo Lima Vaz S.J. e a todos que nos ajudaram a chegar a esta nossa decisão".
7. Em 12 de maio de 1993 o texto da Regra de Vida foi submetido à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pelo Cardeal Dom Eugenio Sales, com o pedido de reconhecimento e ereção canônica das Congregações Marianas do Brasil como associação religiosa pública de âmbito nacional e da aprovação da sua Regra de Vida. Após o devido estudo, o Presidente da CNBD, Dom Luciano Mendes de Almeida S.J. assinou o Decreto n° 5/93 de 22 de agosto de 1993 com o qual erigiu canonicamente as Congregações Marianas do Brasil como associação pública de fiéis de âmbito nacional e aprovou o texto da Regra de Vida. Este texto deveria, contudo, incorporar ainda algumas modificações propostas pela CNBB antes de ser publicado, devendo o texto corrigido ser submetido ainda a ulterior aprovação da CNBB. Na mesma data, pelo Decreto 6/93, o Presidente da CNBB designou o Cardeal Dom Eugenio Sales como Assistente Eclesiástico Nacional das Congregações Marianas do Brasil pelo prazo de 5 anos. (O texto destes Decretos está publicado adiante, no capítulo 2°).
8. Em 8 de setembro de 1993 os decretos da CNBB e o texto da Regra de Vida foram enviados pelo Cardeal Dom Eugenio Sales ao Pontifício Conselho para os Leigos em Roma para conhecimento. Em 27 de setembro o Presidente deste Conselho, que é o órgão da Santa Sé que acompanha os movimentos e associações de fiéis leigos em todo o mundo, Cardeal Eduardo Pironio, enviou carta ao Cardeal Dom Eugenio Sales agradecendo a documentação que lhe fora remetida, a qual merecera dele um cuidadoso estudo. Nesta carta o Cardeal Pironio expressou sua alegria pelo caminho encontrado pelas Congregações Marianas do Brasil no seu relacionamento com as Comunidades de Vida Cristã e pela decisão da Presidência da CNBB. E acrescentava:
"Aproveito a oportunidade para enviar minha bênção aos dirigentes e membros das Congregações Marianas do Brasil, confiando que este reconhecimento em nível nacional seja motivo de fecunda responsabilidade na comunhão e missão da Igreja e de estimulo para renovados frutos de santidade e apostolado".
9. Em 25 de novembro de 1993 o Presidente da CNBB. pelo Decreto n9 7/93, aprovou, sem restrições, por 5 anos, o texto corrigido da Regra de Vida que passou a ser o documento pelo qual se regem as Congregações Marianas do Brasil.(O texto do decreto está publicado adiante no capítulo 2°).
Assim, as Congregações Marianas do Brasil obtiveram, finalmente, após 23 anos de uma situação que Ihes desfigurou e enfraqueceu a identidade na vida da Igreja no Brasil, uma fisionomia própria como instituição, como proposta de vida espiritual, como instrumento da Igreja no seu trabalho apostólico e como uma estrutura associativa organizada. Esta fisionomia corresponde à realidade vivida pelos 50.000 Congregados Marianos hoje existentes no Brasil, agrupados em 62 Federações Diocesanas. Esta graça de Deus, pela voz da Igreja Hierárquica, abre caminhos para uma retomada do desenvolvimento das CC.MM. e seu pleno comprometimento com a missão da Igreja no Brasil.